terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Nunca vivi sem música

Desde pequena vivi cercada de música. Não eram exatamente as minhas, mas venho de uma família de músicos e o silêncio nunca foi a tônica. Ainda bem. Cresci mais um pouco e vivi as FMs nos carros em que entrava, de pai, tios de coração, etc. Música de elevador. Mas quando a gente não conhece outra realidade, aquilo é bom.

     Quando a Rádio Cidade jogou a música pop no ar na FM, com Eládio Sandoval e Fernando Mansur, tudo mudou. Eu ouvia música o dia inteiro, a minha música. Não só eu, mas toda a minha geração de colegas do colégio tinha o mesmo "sintoma": deixava vários cômodos da casa com o rádio ligado, pra ouvir o tempo todo mesmo !! Eu só não ouvia música na escola. Eu me lembro que as mães faziam a mesma pergunta: "por que tantos rádios ligados ao mesmo tempo?" . Nós respondíamos a mesma coisa, sem ter combinado: pra não perder nada e ouvir o tempo todo. Naquele tempo, poderíamos escolher entre rádio, disco ou fita cassete. Eu adorava os discos do Chicago, do Cat Stevens, que aquela altura já havia virado muçulmano e mudado de nome... O Clube da Esquina... Tudo isso era muito bom, mas eu me sentia "fora" de alguma coisa quando não estava ouvindo rádio.

     Era como se os outros me proporcionassem uma experiência solitária ou egoísta, enquanto que com o rádio "eu estava ouvindo com todo mundo", não estava sozinha, e principalmente informada tanto quanto os meus amigos. O tempo passou, a revolução nas rádios FM caminhou até andar pra trás e pessoas com o meu gosto, com o meu perfil, chamado adulto contemporâneo, perdeu seu espaço no dial com os axés, funks, sambas, pagodes e tantos nomes que falam da bundinha, da polícia, disso e daquilo, nada que me interesse.

     Há alguns bons anos eu migrei para a rádio nos computadores. Perfeito... Eu tinha tudo. Trabalhava ouvindo música. Todo o tipo de música que me agradava era encontrado na internet em sua melhor forma, segmentada, organizada. Agora eu cansei de novo. Porque não quero ouvir música só pelo computador, pela televisão, onde acesso a Globo-FM ou pela fria e sofisticada escolha dos playlists. Eu quero ouvir o que todo mundo ouve, quero saber o que as pessoas escolhem. E me recuso a sair com fones de ouvido. Aí vou me sentir ainda pior. Porque acho que quando vamos pra rua, seja lá o motivo, trabalhar, passear, praia, o que for, a gente sai pra dar, pra trocar, pra expandir de alguma forma. Imagine eu dentro do carro com os ouvidos tapados para os barulhos do mundo. Já chega o celular com tantos aplicativos, que eu adoro e uso com goso, que as vezes me toma quilômetros de paisagem. Quando levanto o rosto vejo que andamos quarteirões e eu estava apagando incêndios olhando pra baixo, no meu celular.

     Gosto da conectividade, até da hiper conectividade, e talvez seja por isso que venha sentindo isso há muito tempo. Agora, só me resta mesmo aguardar a próxima novidade tecnológica que vai mudar ainda mais nosso comportamento. Pra que lado, nem imagino...



                                                                                                              Paola Bonelli

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Ela é Carioca, olha o jeitinho dela andar...


 
 



     Cecilia Machado é carioca, tem um andar que condiz com sua origem e sua formação... Elegantérrimo. Mas ela passou por isto e fez uma caminhada de sucesso e é disso que estão falando agora. Empresária de sucesso, ela refaz seu caminho sem a menor cerimônia de mudar de curso ou de achar que existem melhores vias a percorrer e mais metas a alcançar. Sim, porque Cecilia é uma mulher de metas, puxadas por seu idealismo, pelo que ela se propôs ao dar uma virada de grande porte quando partiu para Muzambinho, cidade pequena no interior de Minas, onde há apenas um sinal de trânsito. A filha da dona da Bonita, loja que mandou na moda infantil e juvenil durante anos no Rio, neta de mulher influente no diferente mundo da moda da época, onde qualidade era algo fácil de se detectar. Cecilia foi editora de estilo em publicações nacionais e estrangeiras e hoje está mulher está em Muzambinho, feliz da vida, com uma equipe de vinte funcionários que fazem maravilhas para enfeitar, agradar e satisfazer mulheres de todo canto. Aqui e lá fora também.

     Mas ela não estava satisfeita... Em setembro, algo mudou dentro dela, e com seu network privilegiado, fechou nova parceria com um empresário sério e de sucesso e a Nova Cecilia Machado vem aí. Com porte de grande expertise, novo site, novo e-commerce, novo Facebook e blogs para criar uma rede, ou teia, bem forte entre seus clientes. E com Cecilia, é impossível parar num item só. Tudo encanta.

     Tudo deve acontecer em breve, em novembro poderemos ver o grande porte da marca Cecilia Machado online. Mas engana-se quem pensa que Cecilia é hermética. Faz questão de manter contato com as clientes. Na primeira vez, telefona, conversa, interage para saber quem é aquela nova pessoa em seu trabalho e assim, o resultado é indiscutivelmente melhor.

Tapete de Cecila Machado em apartamento da Zona Sul de São Paulo





Detalhe do tapete exibido no programa Casa Brasileira do canal GNT


Ela não faz apenas bolsas que nos enlouquecem... Seus tapetes, exclusivíssimos estão nos mais variados endereços, todos 'calados' a sete chaves por Cecília, que não gosta de falar em nomes. Ser discreta é tudo.

Agora, sua marca Filhote, ClaraMachado, entra esta semana no Shopping Online Rakuten. Não conhece? Vá correndo conhecer as tramas e materiais que Cecilia separou para o portal que é o quarto do mundo, considerando-se que a Amazon é o primeiro... A marca já nasce muito bem situada, digamos assim. pra lá, vão bolsas como estas...


                                                                            



















A seguir, a fábrica, nas palavras de Cecilia
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https://www.dropbox.com/s/hs78cnq0uybx2d7/Filme%20CeciliaMachado%20-%202012-12.m4v






 Machado é, sem dúvida, um case de muito sucesso.






Para acessar seu web site: www.ceciliamachado.com.br 



   

quinta-feira, 16 de maio de 2013

A verdade atras de cada noticia

     Angelina Jolie, conseguiu, mais uma vez, ser o centro das atencoes com holofotes de todo o mundo voltados para ela, ao anunciar a realizacao de uma cirurgia delicada, controversa e que sensibiliza muitissimo principalmente o publico feminino. Nao e novidade para ninguem o procedimento a que ela diz ter se submetido para tentar evitar um mal maior, no futuro.

     Apos perder a mae, com 56 anos, vitima de cancer de ovarios, Angelina contou ao mundo que fez o tal exame que acusa o percentual de probabilidade que cada um de nos tem, de sermos vitimas de determinadas doencas no futuro, seja ele proximo ou bem distante. Depois de descobrir que o gene mutante lhe tirava a chance de uma vida longa e plena, com 87% de chances de ser paciente de cancer de mama, fez a cirurgia que lhe reduziu o risco para 5%, o que convenhamos, risco e. Pode ser menor, mas a possibilidade nao esta afastada.

     Angelina sempre foi boa de marketing e de midia. Com vinte anos, ja famosa, gostava de apimentar o noticiario de Hollywood dizendo que gostava de meninos, meninas e tambem de seu irmao. Mais tarde veio a desmentir a ultima afirmacao. Entendia-se perfeitamente. Estava mais velha e na hora de mudar o foco de suas declaracoes, por vezes escandalosas. Foi a vez de exibir um pingente em tamanho medio entre os seios, de vidro, onde via-se um liquido vermelho. Ela nao so exibia como afirmava que tratava-se do sangue de seu marido na epoca, o ator e diretor Billy Bob Thornton. Estranho que tal conteudo nunca tivesse coagulado, uma vez que substancias humanas nao costumam ser bem conservadas sem nenhum cuidado especial.

     Quando atingiu uma faixa de idade onde as mulheres de seu meio nao sao mais tao procuradas ou badaladas pela midia por sua beleza, ela comecou a adotar criancas. Parecia que comprava, dada a rapidez e a variedade de racas com as quais escolhia seus filhos. Tornou-se Embaixadora da Unicef, que lhe deu respeitabilidade, aceitacao e admiracao. Ate com a Secretaria de Estado Condolezza Rice, ela viajou em nome da Unicef.

     Entre seus tres filhos adotados, mudou de marido e teve tres filhos biologicos. Mas como com Angelina tudo e pensado, arquitetado e nada parece ser muito natural, ela resolveu ter um de seus filhos biologicos numa regiao inospita do continente africano, "fechando" um hotel, cercada de tigres brancos. Uma temeridade, considerando-se que neste cenario, nem a mae nem a crianca teriam acesso a socorro e a aparelhos de Centros de Tratamento Intensivo como em seu pais de origem. Muito estranho. As fotos, vendidas por uma fortuna, foram feitas no local.

     O comportamento da atriz com seus filhos tambem esta longe de corresponder ao mais comum dos relacionamentos entre maes e filhos. Assim que teve a primeira biologica, Shiloh, negou-a durante algum tempo. Acreditava-se na epoca em depressao pos-parto. Mas em contrapartida fazia aparicoes frequentes agarrada a Zahara, o oposto de Shiloh em termos geneticos. Zahara so aparecia coberta de roupas e acessorios de grife enquanto Shiloh era ignorada. Com o tempo, a lourinha passou a acreditar que era um de seus irmaos, e Angelina respeitou sua vontade, mantendo seus cabelos curtos e vestindo-a de menino. Tudo isto com ares de normalidade.

     A lista de esquisitices de Angelina e grande e pelo visto, interminavel. Seu ultimo feito foi destronar Oprah Winfrey na Revista Forbes na lista "100 Celebridades Mais Poderosas do Mundo". Este feito e altamente significativo, pois Oprah, alem de irrepreensivel profissional da midia americana e uma humanista. Seus feitos para ajudar diferentes segmentos da humanidade, seja na Africa ou nos EUA, sao impressionantes. E sua popularidade e tao grande que importa ate na hora de apoiar um candidato a Presidencia da Republica.

     Portanto, ao ouvir uma placida Angelina contar sua historia de quase abnegacao e sofrimento, com detalhes das tres fases da provavel cirurgia, narrando o apoio incondicional de seu marido, um simbolo sexual fortissimo de Hollywood, negando qualquer sentimento de perda da feminilidade numa parte do corpo que e fortissima a qualquer mulher em nossa cultura, ouvindo geneticistas e oncologistas respeitados do Hospital Albert Einstein em Sao Paulo, fica a questao: sera tudo verdade ?

domingo, 16 de dezembro de 2012

Layana e sua ALOJA

  Layana é ousada. Isso, ninguém pode negar. Depois de entrar para o calendário de moda dos grandes estilistas, as Semanas de Moda, largou tudo em 2008 e resolveu que precisava mudar, aprender, elaborar, enfim, largar-se num abandono criativo onde precisava ser uma esponja e a partir daí renascer, coisa que ela sabe fazer muito bem, de uma forma nova, moderna e diferente.


A partir daí muita coisa emergiu de Layana Thomaz e a mais representativa talvez seja seu projeto ALOJA, que veio a reboque de dois anos viajando pela Europa, China, Vietna, Cambodja e Tailandia. Ao fim de 2009 ela voltou com a bagagem emocional cheia de referencias, onde  deve ter descoberto que tem um grande viés empreendedor. Nao fosse assim, nao teria criado com absoluto sucesso o projeto ALOJA, patrocinado por uma recente maneira de se conseguir viabilizar um projeto: o crowdfounding. Como todo projeto, ALOJA tem tempo certo para acontecer. Layana já a apresentou a cidades como Rio de janeiro, Brasília, voltará agora em janeiro para o Rio e em seguida Minas poderá usufruir deste projeto simpático, idealista, bem amarrado.


Projeto de ALOJA 


 ALOJA foi inspirada nas diferentes e criativas maneiras de se vender um produto, buscando levar leveza,  facilidade, praticidade, alem de conveniencia e conforto para o cliente, num jeito "delivery"de ser, segundo a estilista. Ela vende colecao feminina e pensa também nas filhas de suas clientes, apresentando colecao criada para criancas de 2 a 12 anos, que leva o nome de "Vista a Roupa Meu Bem!".                                                   Layna faz questao de reforcar que as pecas vendidas neste projeto, enquanto estiverem em turne, sao atemporais para nao perderem o frescor. A edicao é limitada e a idéia eh que sejam pecas para guardar,  como um colecionador que guarda e cuida do que gosta do que em algum momento o seduziu.
                                                     
 Mas é claro que nao poderia ser "apenas"isto. Layana fechou uma parceria com o Projeto Grael, instituicao criada pelos medalhistas olímpicos Torben e Lars, que utilizam o esporte como ferramenta de inclusao social. Com isso, veio o compromisso de criar um novo conceito em moda a partir de roupas e acessórios feitos com estes produtos. Para poder comecar a produzir a linha, que ficou linda, arrojada e muito moderna, foi lancada uma campanha de doacao de material para embarcacoes, como velas antigas, cabos e até ferragens, entre muitos outros itens que teriam o mesmo fim: o lixo. Esse tipo de atitude fala muito de Layana, afinal tudo isso dá trabalho, mas ela parece querer sempre mais para levar o seu jeito a frente. Ela nao parece, em nenhum momento, querer ser melhor do que alguém. Parece ter tracado um caminho e querer ser fiel a ele. Pra nossa sorte, ele eh belo e múltiplo.

Bolsas, clutches e parte da colecao em parceria com o Projeto Grael
               
                                                                                           





Clutch feita com material de barco a vela
A adequacao dos materias ao traco da estilista e visível num primeiro olhar e muito sedutor. Existem ainda bolsas confeccionadas com tecido escuro de para quedas que deixam qualquer mulher nas alturas, perdoem  trocadilho, mas foi paixao a primeira vista...







Malao de viagem feito com vela. Um show !







Layana Thomaz comecou a trabalhar cedo, com 14 anos já era modelo e trabalhava para marcas como Chanel, Dolce & Gabbana e Cacharel. Em 1999 virou produtora de moda e na sequencia, figurinista. Foi assistente de efigurino na serie "Os Normais"da Globo, por exemplo.

              


Como parece sempre carregar com ela o que é bom, e o bom parece vir a ela, nesta temporada de ALOJA, esta incluída a venda de joias do designer franco-brasileiro Joao Paulo Camargo, que no Rio fez parceria com a Kilaqua e vende suas pecas livres, leves, etéreas. Esta é a colecao com as pérolas negras do Tahiti, Polinesia Francesa, que inclui sedas, couros e metais nobres e preciosos. A pulseira de arame farpado e uma das pecas bem humoradas e que adornam com irreverencia. Já existem pecas fazendo sucesso em novelas da TV Globo.

 




 Tudo isto foi viabilizado por Crowdfoundig. O nome já é meio que auto explicativo. As pessoas que veem e se interessam fazem doacoes do tamanho de seu bolso e podem retirar pecas nALOJA, posteriormente. Elas acabam tendo retorno do que proporcionaram a idealizadora do projeto.


Visualizacao do andamento do projeto no site de patrocínios


Nesta colecao, ALOJA misturou algodao e seda. A cartela de cores, como se pode ver, abre um leque para a alegria e o ludico.  Entre as cores escolhidas, estao o roxo, preto, cinza, verdes bandeira e água, azuis marinho e royal, lilás, vermelho, abóbora, laranja, bege, crú, off-white e branco. O corte é sempre reto, em tecidos fluidos.











Depois disto tudo, voce ainda tem dúvidas de que precisa visitar ALOJA e conhecer o projeto?


quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Morre uma estrela...

Foto: Miro

     Desde sempre conheci Hebe. Pela TV, claro. Quando eu nasci, ela ja estava ali ha muito tempo e soh saiu na semana passada, para morrer. Para descansar. Se bem que eu acho que ela nao queria descansar, nao. Acho que ela queria mesmo era continuar a viver como viveu ate dois anos atras; sem doenca, rindo, se divertindo, trabalhando, ajudando as pessoas e fazendo a historia da TV.

     Houve uma epoca, em que falar que gostava e assistia Hebe era 'cafona', pra quem nao era coroa. Gente nova pensava assim. Lembro-me de um aniversario meu, que pegaram no meu pe porque eu disse que a assistia. E nao vou dizer aqui que assisti pra dizer como era, nao. Eu assistia porque gostava. Gostava de ver aquela mulher, ja com seus 60 anos de idade, receber pessoas em seu sofa e perguntar 'desavergonhadamente', no sentido de so dar bola pra sua propria autenticidade, o que queria saber dos outros. E olha que isso foi muito antes dela lancar a moda quase epidemica do selinho.

     A questao e que Hebe nao dava bola pros intelectuais, apesar de admira-los, ou para o politicamente correto. Ela era autentica e pronto. Isso bastava a ela e quem nao quisesse ver seu programa que trocasse de canal.

     Foi assim que Hebe ajudou a escrever a historia de TV brasileira junto com Boni, Walter Clark e outros figuroes que realmente entendiam daquela maquina e do efeito causado nas massas. So que nenhum deles se expos tanto quanto ela.

     Quando fiz jornalismo na PUC, berco do "in" carioca, resolvi fazer umas duas materias num curso de verao pra me adiantar na formatura. Uma delas era sobre TV e o professor passou alguns documentarios para que nos, filhos da ditadura, entendessemos como tudo comecou em Sao Paulo. Lembro-me direitinho que Hebe deu todo seu depoimento num jardim, sentada numa escada, com aquele seu coque tradicional. Quando ela aparecia, ainda falando com os dentes mais trincados, como antes, todo mundo ria. Riam tanto, que esqueceram de ouvi-la. E assim nao entenderam nada do que o professor queria. O preconceito falou mais alto e ninguem ali entendeu sua importancia naquela historia.

     O que sempre me fascinou nela foi o fato de viver a vida intensamente. Ela adorava seu trabalho, mas adorava o resto tambem. Talvez por isso trabalhasse tao bem. A verdade e que nao fez uma sucessora. Se fosse o caso, quem estaria pronta a assumir seu programa? Talvez Astrid Fontenelle, mas acho que o despudor de Hebe era parte de seu sucesso. Voltando as entrevistas, ela nao se incomodava de dar algum fora pois nao havia pesquisado o assunto, tentado saber de quem se tratava. Ela entrava. Depois que descia os degraus de cena, acontecia o que tivesse de acontecer.

     Astrid e mais elaborada, teve maiores chances na vida e ate pela carreira que tracou nao se permitiria tamanho desapego ao que ja estudou.

     Mas o problema e que ela se foi. E pessoas como ela nao deveriam ir nunca, pois sao um grande exemplo. Dom Helder costumava citar a frase de um terceiro que dizia "Ha mortos que enterramos, outros que semeamos". No caso de Hebe, vai ser aquela pessoa que sera lembrada de uma maneira tao positiva e alegre, que o segundo pensamento sera "ah, ela morreu..."

   

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Canteiro de Alfaces

     Adoro cadernos. Sempre foi assim. Desde garota, queria me ver feliz, era me deixar dentro de uma papelaria sentindo aqueles cheiros maravilhosos de papel, borracha, olhando para as prateleiras e ainda mais estimulada, desta vez visualmente, por hidrocores, crayons e lapis e cor. Eu poderia ficar horas ali e me abster de tudo a minha volta para me sentir parte integrante daquele cenario. Ate hoje essa memoria emocional persiste. Se eu entrar num desses 'estabelecimentos', volta tudo e eu adoro.

     Apesar de ser totalmente integrada ao mundo da informatica e internet, com back ups em pen drives, HDs externos, etc, meu amor pelos cadernos, principalmente, continua intacto. De uns anos pra ca, resolvi coleciona-los. Tenho os mais lindos que ja vi, que comecam a me seduzir pela bela capa, sempre conferida pelo tato. E preciso sentir a textura para que a paixao se instale totalmente, tomando conta de mim e fazendo-o meu, imediatamente. Esse sentimento de posse e o melhor que existe... Nao prejudica ninguem e me preenche. Eu me sinto com mais poder, depois que pago e coloco-o na bolsa, ja totalmente dona da situacao e do meu objeto do desejo.

     Ha cerca de um ano, mais ou menos, ouvi falar em Canteiro de Alfaces. Esse nome nao me passou despercebido, achei lindo. Imediatamente tentei visualizar como seria um, urbanoide que sou. Depois, no Facebook, quando finalmente pude penetrar naquele mundo de encadernacoes, costuras, pespontos, colas, papeis dobrados em serie cuidadosamente arrematados tornando-se cadernos maravilhosos, me encantei.

     Revirei toda a pagina deles e descobri que as diferencas que existem, a pluralidade de encadernacoes e a variedade e beleza das capas. Tudo isso me chamou atencao, mas o melhor ainda estava por vir.

     Vi uma serie de desenhos com uma boneca com o cabelo tao preto como o meu, que de tao preto sempre causou estranheza na escola, desde pequena. O fato e que quando vi aquilo, entrei imediatamente em contato para saber se aquela estampa nao poderia ser minha agenda de 2013. O resultado foi ainda mais interessante, que me fez ter vontade de escrever este blog.

     O Canteiro de Alfaces e de uma moca chamada Luisa, que tem entre seus talentos nao so a confeccao dos mais belos cadernos. Trata-se de uma pessoa doce, meiga, acessivel. Em nosso contato, via inbox no Facebook, descobri uma pessoa realmente profissional, sem ficar posando disto. Meiga, aberta, segura e inteligente, Luisa tem total dominio sobre seu negocio e nos conquista com sua afabilidade e maleabilidade, que vem de encontro ao nosso gosto.







   


     A verdade e que por experiencia propria, nao tenho grande admiracao por sua geracao. Tenho minhas questoes, como todo mundo, e nao acho que pessoas de sua idade sejam, num apanhado geral, como ela. Determinada, organizada, Luisa faz bonito com o que faz, tanto no trabalho quanto no atendimento.


 

   Apos receber minhas encomendas, fiz mais. E vou continuar fazendo enquanto ela estiver neste oficio tao raro, de forma tao simples.






     Agora esta lancando uma serie do artista plastico Luiz Carlos de Carvalho, a quem admiro muito. Gosto muito de sua obra, em especial das caligrafias que faz sobre o corpo humano, pintado. Ja sei qual sera minha proxima encomenda.







     Quis saber como ela comecou. Contou-me que o Canteiro ja tem 3 anos e meio. Nasceu em 13 de maio de 2009, a pedido de amigos, que ja deviam ter descoberto o potencial da moca antes dela propria... Como costurava roupas, achou que papel nao seria problema. E nao foi mesmo. Virou solucao.

     Recomendo uma visita. O unico perigo e que voce fique absolutamente encantado e comece a fazer a sua colecao de cadernos. O que nao e nada mal...

domingo, 2 de setembro de 2012

Pra que tudo isto ?

     Existem horas que as coisas parecem encadearem-se perfeitamente. Vamos ouvindo uma notícia após a outra, embora não necessariamente da mesma "editoria", digamos assim, que nos levam a pensar na mesma coisa.




      Com certeza, a grande bomba veio da notícia tão bizarra quanto assustadora do quão longe ele pôde ir para tornar-se um ganhador. Ele ganhava as provas, mas nunca foi um vencedor. Pode parecer uma mera troca de palavras, mas não é. Pode-se mentir para o mundo, mas para nós mesmos fica muito difícil. Porque durante todo o tempo em que ele manipulou seus resultados alternando substâncias proibidas e transfusões de sangue, só para simplificar a questão, ele sabia de tudo isso. Ele era um perdedor . E ele sabia disso o tempo todo !! Então eu me pergunto que satisfação pode ter um homem destes, um pseudo esportista, em ganhar sabendo que não era melhor do que os outros. Afinal, o esporte trata diretamente de superação. Quantos e quantos casos já acompanhamos desde sempre das várias contusões de tantos atletas em treinos, jogos sem importância, cirurgias, que os tiraram do páreo do grande ideal olímpico...?



     Não escolhi estas fotos por acaso. O marketing de Lance era muito grande. Seus gestos grandes que pareciam dizer: você pode, faça como eu, persista !! Tudo mentira !! Neste ponto já paro para pensar que bom cliente para um  psicanalista ele seria. Porque isso é coisa de gente louca. Manipular o corpo, e principalmente a saúde desta forma, é de uma irresponsabilidade incomensurável. Porque Lance Armstrong não é um ignorante, não ignora determinado assunto, neste caso, até onde isso lhe prejudicaria a saúde e a vida.

     Sempre achei o câncer a pior das doenças também por tudo que trás com ele. Por isso mesmo, sempre comentei com os mais chegados, que me impressionava muito ver pessoas que passaram pela doença e suas dificuldades e saíram da mesma forma. Na minha cabeça, isso não existia, porque há de haver uma reflexão, uma introspecção, uma realização da própria vida. Avalia-se quem foi até aquele momento, o que vai mudar se passar por aquele mau momento, enfim, mudanças de personalidade haveria de surgir para tornar aquela pessoa num ser melhor.

     Armstrong passou por tudo isso, criou uma Fundação que ajuda pessoas com esta doenaça, curou-se, voltou a competir e não entendeu nada da vida. Não entendeu que o importante é estar vivo e saudável e poder fazer algo por si e por seu semelhante. O resto é o resto. Escreveu uma biografia notável, sucesso absoluto, narrando mentiras em cima de mentiras. Escrevendo isso já estou começando a achar que ele deve ter um fator psicopata qualquer.



     Sem dúvida, alguma série de recalques o habita, porque essa obsessão só pode ser pra ser aceito, pra provar algo pra alguém, pro mundo.

     Antes de saber disso, vi duas ótimas matérias, de Elisabeth Pacheco e Teté Ribeiro sobre a Exposição Sombra Negra que a fotógrafa Patrícia Kaufmann inaugurou em São Paulo e que já citei num podcast e numa outra postagem nesta coluna. A artista plástica estuda a Barbie desde 2004 e dessa vez manifestou seu intuito de provar o que acredita com fotos belíssimas da boneca em fotos bem sexuais e provocantes para questionar, acordar, cutucar nosso entendimento e gerar elaborações a respeito da questão da escravização do feminno, de todo este esquema que promove a ditadura  da beleza contra a mulher, fazendo-a acreditar que está atendendo a um padrão estabelecido, quando na verdade só está se escravizando. No bom português, fazendo papel de boba, achando que corresponde aos interesses de um mundo que pode vir a lhe proporcionar sucesso na carreira, no amor, aceitação social e tudo o mais que se segue. Por isso, Patrícia a considera um importante ícone do Século XXI. Presumo que esta afirmação quer dizer que continuaremos com esta dicotomia absurda: de um lado, independentes com dupla e tripla jornadas, resultado de algo que conquistamos (Graças a Deus!), e de outro, sofrendo mais do que nossas avós, porque não tinham seu próprio ofício, não trabalhavam, não permeavam o mundo masculino, mas também não precisavam se encher de silicone, botox, ácidos hialurônicos, metacrilato à exaustão e a preços fora da realidade que na maioria das vezes estragam definitivamente seu rosto, e pior, sua expressão, sua identidade.


 
     Vamos pensar nisso com carinho e promover o debate. Alguma coisa tem de mudar. Não podemos mais conformarmo-nos de viver numa sociedade tão fútil e frívola, onde só o que parecemos ter ou ser vale alguma coisa. A indústria por trás disto é muito grande e muito forte. Mas basta uma tomada de decisão individual para começar a mudar tudo isto.

     Eu não cheguei a ler a Biografia de LA, porque nçao a encontrei em ersão digital. Melhor. Agora eu estaria me sentindo traída e tendo gasto meu tempo à toa. Da biografia arrebatadora à verdade, ele é apenas um homem comum que precisa de ajuda. Muita ajuda.