O Japão, como se sabe é um país muito caro. Portanto a Uniqlo é um verdadeiro oásis para consumidores tão vorazes como os japoneses. No lançamento, promoções impensáveis e sucesso absoluto.
Mas como nem tudo que reluz é ouro, como esta visão empresarial quer mostrar, o dono da rede é acusado de só conseguir preços tão atraentes porque nada que vende é fabricado no Japão e sim em outros países asiáticos, onde a mão de obra é barata devido a exploração dos funcionários e até mencionam alguma ligação com mão de obra escrava. O grupo, defende-se pelo porta voz italiano Aldo Liguori, que explica que os preços baixos devem-se ao fato da marca trabalhar com um grupo de parceiros espalhados pela Ásia que são capazes de produzir uma grande quantidade de roupas por um preço bom e ainda garantir sua qualidade. "Isso garante a vantagem competitiva", completa o italiano. Pelo sim, pelo não, revista e livro que fizeram a acusação já estão devidamente processados.
Isso tudo porque estamos vivendo num mundo, onde a boa aparência para conseguir coisas banais ou básicas como um emprego, já ultrapassou todos os limites do bom senso. O que se vê abertamente aconselhado em todo tipo de programa, matéria em revista, TV, Internet, enfim, em volta. O que mais assusta é que o assunto é tratado com uma normalidade absurda e diz claramente: se não for belo, o indivíduo não é aceito em lugar nenhum, para nada. O que é isto? No que estamos nos transformando? O razoável foi embora, dando lugar à uma fúria avassaladora de estar bem, principalmente parecer bem. Não se
fala mais em felicidade, mas em parecer feliz. O tempo em que as pessoas se cuidavam para envelhecer bem, saudáveis, mantendo uma rotina física que até podia ser pesada, acabou. As plásticas, que deixavam o envelhecimento mais belo ou mais tardio, foi derrubada pelos rápidos milagres de consultórios onde homens e mulheres entram carregando um caminhão de dinheiro e saem assustadoramente transformados, parecendo uma caricatura de si mesmo. Muitas vezes, a caricatura pode ser mais generosa...
Está em cartaz em São Paulo uma exposição da artista plástica Patrícia Kaufmann, que estuda a boneca Barbie desde 2004. O escopo do trabalho é mostrar como as mulheres caíram na ditadura daquele ideal de beleza a todo custo. O nome da exposição é Sombra Negra, uma vez que a boneca é sempre fotografada sob muita sombra em poses ousadas e muito sensuais. Um visitante ficou tão empolgado que quis comprar um dos trabalhos de Patrícia; pensou tratar-se de uma mulher de verdade...
http://gnt.globo.com/saiajusta/videos/_2089239.shtml
Antes desta exposição, Patrícia já realizou outros trabalhos questionando este assunto e este ideal de Barbie, com pinturas e instalações. O tema é inesgotável. O problema é até onde isso vai. Família, meios de comunicação, indústria da beleza e grandes laboratórios. Eles é que vão determinar; estão com a faca e o queijo na mão.